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12.9.05


No final da tarde de ontem, um amigo apareceu aqui em casa com uma garrafa de vinho Chapinha, um pão doce de padaria e um CD dos Smiths. Ele me disse que o domingo estava muito enfadonho e que não queria ficar em casa. Me disse que também não tinha dinheiro para fazer nada e que, segundo palavras dele, eu era a única que não se importaria em comer pão doce vagabundo e tomar vinho porcaria. Desde que a música fosse boa. “Ah, isso tinha de ser!”, ele disse, justificando o CD dos Smiths.

Ele acabou nem ficando muito tempo aqui em casa. Foi só o suficiente para consumirmos todo o pão doce e o vinho, que quase coincidiu com o tempo de duração do disco.

Mas, em meio a essa monótona porém feliz tarde fria de domingo, descobrimos algumas coisas meio idiotas sobre nós mesmos.

Começamos a refletir sobre o fato de, tanto ele como eu, estarmos a tanto tempo sozinhos e de que forma isso afetava a nossa vida. Discutimos sobre como era viver em uma sociedade que tanto preza instituições falidas como o casamento e que tanto massacra psicologicamente pessoas ainda solteiras com seus vinte, trinta, quarenta anos...

Concordamos que todo esse massacre só existe para vender livro de auto-ajuda. Que os verdadeiros carentes dessa história toda são a grande maioria das pessoas que estão comprometidas. Principalmente, aqueles que engatam relacionamento atrás de relacionamento.

Porque, carente é gente que não sabe apreciar a liberdade de poder ficar um sábado à noite em casa, descabelado ou descabelada, de meia furada e com remela no olho desde às dez da manhã. E o melhor: sem nenhuma culpa!

Nós, os solteiros, podemos até ter nossas dores de cotovelo – claro que temos! Mas pelo menos, não compensamos nossas carências emocionais colecionando gente. Para suprir nossas carências existe o amigo, a cerveja, o cigarro, o truco. E às vezes, tudo isso junto - o que faz a solidão ser muito mais vantajosa que qualquer compromisso.

Enfim... Chegamos à conclusão de que a maioria dos carentes são aqueles munidos já de um par, pessoas que não sabem viver sozinhas. E não as que conseguem ser solitárias, como insistem em fazer a gente acreditar.

E que, tanto ele como eu, solteiros a quatro e dois anos respectivamente, vamos com a nossa solidão, muito bem - obrigado!