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16.8.04


NO TITLE
Apenas lembrando de algumas coisas...

Antes do Brotonildo ter se transformado no ogro que é hoje, ele já foi um cara legal. E acho que eu já até havia dito isso aqui uma vez.

Desde o dia em que a gente saiu pela primeira vez, eu me lembro de ter percebido nele uma preocupação em relação à mim que eu jamais havia percebido em outro menino. Ele queria sempre estar ao meu lado, não me deixava andar sozinha no meio das muvucas normais das baladas e ficava sempre na porta do banheiro me esperando.

Um dia, ele chegou na minha casa e me perguntou se eu queria ir na casa de uns amigos dele com ele. "Lógico!", respondi. Acho que, quando um cara resolve te apresentar pros amigos isso tem até mais efeito do que ser apresentada pra família. Até porque, família te ama incondicionalmente. E vai gostar do seu namorado ou namorada, pelo simples e puro fato de que é a pessoa que você escolheu [ou, teoricamente, deveria ser assim].

Amigos não. Amigos gostam DE VOCÊ. E gostar de você não significa gostar da sua namorada ou namorado, muito pelo contrário... dependendo de quem for, você pode ter assinado o seu atestado de incompetência e passar o resto da sua vida tendo de agüentar piadinhas escrotas e malvadas só porque a menina que tava com você tinha o suvaco cabeludo ou porque o cara que você namorava falava "poblema". Mesmo depois de 15 anos que o namoro tiver ido pro beleléu, vai ter sempre alguém que vai lembrar dela ou dele e te zuar por isso.

Portanto, saber que ele, naquele momento queria me apresentar pros amigos, era um sinal de que eu era uma pessoa legal e que, de alguma forma, ele sentia orgulho de me ter como namorada. Fiquei feliz. E fui, toda pululante e sorridente conhecer os amigos dele!

Depois disso, teve uma prova de fogo: a gente foi numa festa, na casa de um desses amigos. E, obviamente, tinha pra mim, muito mais gente desconhecida do que conhecida ali. E eu não sou tímida nem nada, acho que até me socializo bem. Mas era um pouco aterrorizante, confesso, saber que eu poderia ficar sozinha no meio daquela gente toda.

Mas isso não aconteceu. Não aconteceu pelo simples e puro fato de que o Brotonildo sabia bem como eu era. E sabia que não era me deixando sozinha que eu iria fazer amigos, muito pelo contrário: ficar sozinha em lugares desconhecidos só dá vazão a um lado meu muito obscuro, que me faz analisar as pessoas e criar sobre elas falsos julgamentos [na grande maioria das vezes], mesmo sabendo que eu não devo fazer isso. Eu crio no meu próprio consicente uma imagem da pessoa que nem sempre trata-se da real.

E por saber que eu era assim, ele ficou ali, do meu lado, o tempo todo. E as pessoas chegavam até a gente por causa dele. Mas depois, elas ficavam ali, por minha causa. Porque ele sempre dava um jeito de sair depois que eu começava a conversar com alguém... e eu ficava lá batendo papo, falando pelos cotovelos, como já é de praxe... Depois ele vinha, me puxava de novo, e ficava conversando com mais num sei quem... e era o tempo de eu também começar a conversar com essa outra pessoa e logo depois já chegava outra, e outra, e outra...

E assim, eu me tornei muito amiga da maioria dos amigos dele. Sei que mais tarde ele se arrependeu disso porque eu cheguei num ponto onde eu nem ficava mais com ele nas festas, tamanho era o entrosamento que eu tinha com seus amigos... ficávamos horas e horas conversando... Até que, num dado momento, ele fazia cara feia e eu ia até ele dar uma assistência...

Então, ele me abraçava e dizia que, de tanto medo de me deixar sozinha, quem tava sozinho agora era ele... E aí, vinha aquela culpa e eu ficava lá pra gente conversar... e daqui a pouco já tinha um monte de gente ali por perto... e quando a gente se dava conta, estávamos nós dois e todos os nossos amigos, ali, no mesmo lugar, com o Vilson no violão e o Geléia fazendo backing vocals toscos... ou o Johnny me agarrando e me chamando de "gostosa" na frente do Brotonildo, só pra ele ficar puto e eles começarem a dar bicas um no outro e fazerem aquelas brincadeiras que, segundo nossas mães, sempre "terminam em choro"... Tenho muita saudade...

E na hora de voltar pra casa, ele sempre me dizia que uma das coisas que mais o fazia gostar de mim era justamente isso: o fato de eu gostar dos amigos dele por gostar mesmo, e não para agradá-lo.

Infelizmente, ele não soube fazer o mesmo em relação aos MEUS amigos.

Eu juro que eu tento não fazer comparações. Mas confesso que senti muita falta do Brotonildo neste final de semana.