18.1.07
No dia 26 de dezembro de 2006, foi publicado um texto do senador Ney Suassuna na seção Tendências | Debates da Folha de São Paulo. Determinado trecho chamou a minha atenção e me levou a escrever a carta abaixo, que foi devidamente encaminhada a ele, via e-mail.
E claro, não recebi nenhuma resposta.
* * *
Caro Senador Ney Suassuna,
Folheando a Folha de SP de hoje, dia 26 de dezembro, tive minha curiosidade despertada por um texto escrito pelo senhor na seção "Tendências | Debates", entitulado "Sanguessugas da Honra".
Li com muito cuidado suas palavras e não dirijo-me agora para contestar sua inocência ou culpa no episódio da Máfia das Ambulâncias. Resolvi escrever-lhe pois um trecho muito específico de seu texto chamou minha atenção. Tomo a liberdade de reproduzi-lo:
"(...)Lamentavelmente, para a grande maioria dos brasileiros, a classe política eleita democraticamente pelo próprio povo é como um câncer que corrói o país. Mas ninguém se preocupa em fazer a sua parte. Procurar conhecer de perto o trabalho do parlamentar que elegeu e cobrar dele propostas e soluções para seu país, e não se preocupar em levar vantagem durante a eleição leiloando seu próprio voto, já seria um bom começo".
Sr. Suassuna, creio ser sua afirmação coerente e justa quando falamos de uma parcela da população brasileira que, como eu, tem acesso à internet, jornal, revistas e TV. Uma parcela da população brasileira que tem acesso ao ensino, à cultura e à saúde. Uma parcela que, subentende-se, é crítica e sim, deve cobrar de seus parlamentares, em especial daqueles em que votou e foram eleitos, que os interesses da poulação sejam defendidos.
Mas, Sr. Suassuna, creio que o senhor deve saber melhor do que eu que essa parcela da população a qual me referi é minoria. Digo que o senhor sabe melhor do que eu pois és senador por um dos estados mais pobres do país, a Paraíba. No seu estado, quanto da população tem acesso ao ensino de qualidade, aquele que fará com que a criança desenvolva um pensamento crítico quando adulta? Quanto da população paraibana tem dinheiro para assinar um jornal ou ter um computador com internet? Poucos, não é verdade?
E se a grande massa da população acredita ser a classe política um câncer, é porque tem motivos para isso ou o senhor acha realmente que dá para acreditar que parlamentares que votam um aumento de 91% para seus próprios salários o fazem com interesse no bem estar do povo?
Se lhe incomoda tanto a alienação popular, por que o senhor, como senador e um de nossos representantes não se preocupa em apresentar (e lutar por) um projeto que institua educação de qualidade, a começar pelo seu estado natal?
Que tal também apresentar um projeto com medidas que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos sem o assistencialismo barato de uma Bolsa-Família e sim, com programas de emprego, de apoio às regiões pesqueiras de seu estado?
Um programa interessante seria o de educação política, a partir do ensino fundamental, por meio da criação de oficinas de apoio ao ensino público em parceria com ONG´s ligadas ao tema. Mas acho que a grande sacada é juntar tudo isso e criar condições para que essa população não leiloe, como o senhor mesmo disse, seu próprio voto.
Aí sim, caro senador, se mesmo com essas medidas nossa população ainda mantiver sua parca filosofia, concordarei com as suas palavras.
Agora, responda-me, prezado senador: interessa aos nossos políticos um povo crítico?
E claro, não recebi nenhuma resposta.
* * *
Caro Senador Ney Suassuna,
Folheando a Folha de SP de hoje, dia 26 de dezembro, tive minha curiosidade despertada por um texto escrito pelo senhor na seção "Tendências | Debates", entitulado "Sanguessugas da Honra".
Li com muito cuidado suas palavras e não dirijo-me agora para contestar sua inocência ou culpa no episódio da Máfia das Ambulâncias. Resolvi escrever-lhe pois um trecho muito específico de seu texto chamou minha atenção. Tomo a liberdade de reproduzi-lo:
"(...)Lamentavelmente, para a grande maioria dos brasileiros, a classe política eleita democraticamente pelo próprio povo é como um câncer que corrói o país. Mas ninguém se preocupa em fazer a sua parte. Procurar conhecer de perto o trabalho do parlamentar que elegeu e cobrar dele propostas e soluções para seu país, e não se preocupar em levar vantagem durante a eleição leiloando seu próprio voto, já seria um bom começo".
Sr. Suassuna, creio ser sua afirmação coerente e justa quando falamos de uma parcela da população brasileira que, como eu, tem acesso à internet, jornal, revistas e TV. Uma parcela da população brasileira que tem acesso ao ensino, à cultura e à saúde. Uma parcela que, subentende-se, é crítica e sim, deve cobrar de seus parlamentares, em especial daqueles em que votou e foram eleitos, que os interesses da poulação sejam defendidos.
Mas, Sr. Suassuna, creio que o senhor deve saber melhor do que eu que essa parcela da população a qual me referi é minoria. Digo que o senhor sabe melhor do que eu pois és senador por um dos estados mais pobres do país, a Paraíba. No seu estado, quanto da população tem acesso ao ensino de qualidade, aquele que fará com que a criança desenvolva um pensamento crítico quando adulta? Quanto da população paraibana tem dinheiro para assinar um jornal ou ter um computador com internet? Poucos, não é verdade?
E se a grande massa da população acredita ser a classe política um câncer, é porque tem motivos para isso ou o senhor acha realmente que dá para acreditar que parlamentares que votam um aumento de 91% para seus próprios salários o fazem com interesse no bem estar do povo?
Se lhe incomoda tanto a alienação popular, por que o senhor, como senador e um de nossos representantes não se preocupa em apresentar (e lutar por) um projeto que institua educação de qualidade, a começar pelo seu estado natal?
Que tal também apresentar um projeto com medidas que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos sem o assistencialismo barato de uma Bolsa-Família e sim, com programas de emprego, de apoio às regiões pesqueiras de seu estado?
Um programa interessante seria o de educação política, a partir do ensino fundamental, por meio da criação de oficinas de apoio ao ensino público em parceria com ONG´s ligadas ao tema. Mas acho que a grande sacada é juntar tudo isso e criar condições para que essa população não leiloe, como o senhor mesmo disse, seu próprio voto.
Aí sim, caro senador, se mesmo com essas medidas nossa população ainda mantiver sua parca filosofia, concordarei com as suas palavras.
Agora, responda-me, prezado senador: interessa aos nossos políticos um povo crítico?