16.3.06
O exército invadiu a favela em busca das armas roubadas. Já foram “achadas”, já. Mas especula-se que, na verdade, houve sim um acordo entre Exército e traficantes, afim de beneficiar as duas partes: os lucros com a venda de drogas caiu vertiginosamente com a presença dos soldados no morro. Coincidentemente ou não, a criminalidade nas áreas ocupadas também. O tráfico ficou preocupado com os “abacates” e resolveu colaborar, mas não sem antes estabelecer algumas condições. De qualquer forma, fica a dúvida em relação à atividade do Exército. Se reduziu a criminalidade, por que não manter tais operações? A comunidade da favela reclama, claro. O tráfico faz o papel social que o Estado não faz nessas zonas de exclusão. Porque na favela, o conceito de exclusão é totalmente diferente daquele que existe fora do morro. Mas se o Exército fica, a favela revida. Revida treinando os seus soldados como os “outros” soldados. Pega qualquer “abacate” lá, corrompe direitinho e, em troca, treinamento de choque classe A na favela: invasão, tiro, sobrevivência na mata. E o tráfico, treinado por um membro oficial, passa do crime organizado para a guerrilha. A favela vira zona de guerra quase civil. Meninos de 15 anos como atiradores de elite. E mais uma vez, lá estará o Estado provando de seu próprio veneno.




